Ultimamente vem sendo muito comentado nos mais diversos
meios de comunicação a expressão “ células-tronco”. Você já deve ter ouvido
esse termo. Mas sabe do que se trata? É
evidente que as células-tronco ocupam um lugar de destaque na engenharia de
tecidos. Vimos que as células, os biomateriais e substâncias necessárias para a
formação do novo tecido (os fatores de crescimento) formam o eixo dessa arquitetura
que tem por objetivo a recuperação de um tecido. E nada como uma célula-tronco
para se usar na engenharia tecidual. Então vamos estudar essas famosas células!
Mas antes de aventurarmos nessa viagem fantástica vamos
nos fazer algumas perguntas. Primeiro, como uma única célula, o zigoto, pode
originar todas as células e tecidos do organismo? Porque alguns anfíbios, como
uma salamandra, conseguem regenerar um membro ou uma cauda cortada? Os mamíferos
ao longo da evolução perderam essas habilidades de regenerar membros por inteiro,
mas, mesmo assim, somos capazes de nos recuperar de pequenos ferimentos e
traumas. O que promove a regeneração? O segredo está nas células-tronco! Poderíamos
citar vários exemplos que nos fariam chegar a uma conclusão: existem células
imortais no nosso corpo? Somos wolwerines ambulantes? É claro que não! Na
verdade, as células possuem uma programação básica: crescer, dividir e morrer. As células-tronco são especiais porque têm
alta capacidade de se perpetuarem através da auto renovação e gerar células
maduras de um tecido particular através da diferenciação, ajudando na formação
de um novo indivíduo, no caso do embrião, e na recuperação de lesões nos
indivíduos que já nasceram. Então, quando uma célula-tronco se divide, uma
célula filha vai participar da formação de um novo tecido (diferenciação) a
outra permanece como célula-tronco (auto renovação).
Quanto a origem, existem dois tipos de células-tronco: as
embrionárias e as adultas. As células-tronco embrionárias dão origem a todos os
tecidos do organismo, e por isso são chamadas de pluripotentes. Já as
células-tronco adultas dão origem a alguns tecidos específicos, já depois do
nascimento, e por isso podem ser consideradas multipotentes. Em teoria, tanto as células-tronco
embrionárias quanto as adultas podem ser utilizadas para substituição de
tecidos danificados, podendo formar diretamente um novo tecido ou ajudando
outras células daquele próprio tecido danificado a restaurá-lo. Mas, ao mesmo
tempo existem alguns desafios a serem superados. O primeiro deles é encontrar a
melhor estratégia de isolar e multiplicar estas células em laboratório,
mantendo a sua integridade, autenticidade e qualidade. O segundo principal problema
é garantir que uma vez que a célula seja inserida exatamente no local da lesão,
ela não só cumpra bem seu papel, mas que também não resolva fazer algo
totalmente fora do planejado. Já imaginou uma célula que deveria formar um osso
resolver formar um dente no lugar? Um problema e tanto, não é? Com isso, vemos
que apesar de as células-tronco já serem uma realidade, ainda há muito a ser
estudado para que possamos utilizar o máximo do seu potencial, e claro, sempre
garantindo em primeiro lugar a segurança do paciente que venha receber essas
células.
Até mais!! Um abraço biologicamente engenheirado!!
Imagem representando a formação de diferentes tipos
celulares do organismo. As células-tronco embrionárias, por exemplo, estão
presentes no interior do blastocisto, e podem formar células de todos os
tecidos. As células-tronco adultas podem formar células de alguns tecidos
específicos.