sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Células-tronco


Ultimamente vem sendo muito comentado nos mais diversos meios de comunicação a expressão “ células-tronco”. Você já deve ter ouvido esse termo. Mas sabe do que se trata?  É evidente que as células-tronco ocupam um lugar de destaque na engenharia de tecidos. Vimos que as células, os biomateriais e substâncias necessárias para a formação do novo tecido (os fatores de crescimento) formam o eixo dessa arquitetura que tem por objetivo a recuperação de um tecido. E nada como uma célula-tronco para se usar na engenharia tecidual. Então vamos estudar essas famosas células! Mas antes de aventurarmos nessa viagem fantástica  vamos nos fazer algumas perguntas. Primeiro, como uma única célula, o zigoto, pode originar todas as células e tecidos do organismo? Porque alguns anfíbios, como uma salamandra, conseguem regenerar um membro ou uma cauda cortada? Os mamíferos ao longo da evolução perderam essas habilidades de regenerar membros por inteiro, mas, mesmo assim, somos capazes de nos recuperar de pequenos ferimentos e traumas. O que promove a regeneração? O segredo está nas células-tronco! Poderíamos citar vários exemplos que nos fariam chegar a uma conclusão: existem células imortais no nosso corpo? Somos wolwerines ambulantes? É claro que não! Na verdade, as células possuem uma programação básica: crescer, dividir e morrer.  As células-tronco são especiais porque têm alta capacidade de se perpetuarem através da auto renovação e gerar células maduras de um tecido particular através da diferenciação, ajudando na formação de um novo indivíduo, no caso do embrião, e na recuperação de lesões nos indivíduos que já nasceram. Então, quando uma célula-tronco se divide, uma célula filha vai participar da formação de um novo tecido (diferenciação) a outra permanece como célula-tronco (auto renovação).
Quanto a origem, existem dois tipos de células-tronco: as embrionárias e as adultas. As células-tronco embrionárias dão origem a todos os tecidos do organismo, e por isso são chamadas de pluripotentes. Já as células-tronco adultas dão origem a alguns tecidos específicos, já depois do nascimento, e por isso podem ser consideradas multipotentes.  Em teoria, tanto as células-tronco embrionárias quanto as adultas podem ser utilizadas para substituição de tecidos danificados, podendo formar diretamente um novo tecido ou ajudando outras células daquele próprio tecido danificado a restaurá-lo. Mas, ao mesmo tempo existem alguns desafios a serem superados. O primeiro deles é encontrar a melhor estratégia de isolar e multiplicar estas células em laboratório, mantendo a sua integridade, autenticidade e qualidade. O segundo principal problema é garantir que uma vez que a célula seja inserida exatamente no local da lesão, ela não só cumpra bem seu papel, mas que também não resolva fazer algo totalmente fora do planejado. Já imaginou uma célula que deveria formar um osso resolver formar um dente no lugar? Um problema e tanto, não é? Com isso, vemos que apesar de as células-tronco já serem uma realidade, ainda há muito a ser estudado para que possamos utilizar o máximo do seu potencial, e claro, sempre garantindo em primeiro lugar a segurança do paciente que venha receber essas células.
Até mais!! Um abraço biologicamente engenheirado!!




Imagem representando a formação de diferentes tipos celulares do organismo. As células-tronco embrionárias, por exemplo, estão presentes no interior do blastocisto, e podem formar células de todos os tecidos. As células-tronco adultas podem formar células de alguns tecidos específicos.