terça-feira, 25 de agosto de 2015

Biomaterias: engenheirando tecidos


Olá galera!!! Depois de nos familiarizarmos com a história brilhante desta área fantástica e o que ela tem a nos proporcionar, vamos adentrar a um universo cheio de novidades e que constituem o alicerce para o desdobramento de novas possibilidades. Vamos conversar um pouco sobre os biomateriais. Estes componentes alavancaram o desenvolvimento e configuraram o atual status da engenharia de tecidos. Conforme vimos no nosso primeiro post, os tecidos são constituídos por células e estas são envolvidas por uma matriz extracelular que lhes dá suporte, nutrição e lhes passa os estímulos para crescimento, divisão, diferenciação, morte etc. Se na engenharia tecidual estamos querendo desenvolver um novo tecido, não seria uma boa estratégia inserir as células em algo que se pareça com a matriz extracelular? Afinal, qual a melhor maneira de colocar essas células em um ambiente lesionado, doente? Foi pensando nessas perguntas que os biomateriais foram sendo aprimorados. Mas o que é um biomaterial? Biomaterial é todo material que é implantado a fim de substituir parcialmente ou totalmente um tecido ou órgão perdido ou lesionado. No contexto atual da engenharia de tecidos, os biomateriais assumem uma função não somente de ocupar definitivamente o lugar de um órgão, como as próteses ortopédicas, que são inertes, podem não recuperar totalmente as funções do órgão perdido e que eventualmente precisam ser trocadas ao longo do tempo. Neste novo contexto, os biomateriais possuem a função de promover a regeneração do tecido como um todo, ou seja, a formação de um tecido totalmente novo e funcional no seu lugar. Portanto, na engenharia tecidual, os biomateriais podem assumir o papel de arcabouços, moldes para que as células cresçam e formem um novo tecido. Para tal função, os biomateriais precisam ter biocompatibilidade, que é a capacidade de interagir com os sistemas biológicos sem causar rejeição no organismo. Isso ocorre porque, o nosso organismo reconhece somente estruturas próprias, ou seja, suas próprias células, sua própria matriz extracelular e qualquer outro material poderia ser combatido pelo sistema imunológico e ser rejeitado. Portanto, a tarefa não é tão fácil. Além de ser biocompatíveis, os biomaterias devem ser biodegradáveis e possuir estabilidade mecânica. No primeiro caso, é necessário que o biomaterial vá sendo degradado pelo corpo enquanto que o novo tecido em formação vai ocupando o seu lugar. É como se ele fosse incorporado ao corpo, e que após um tempo praticamente não seja possível nem notar que um dia um biomaterial foi ali implantado. Durante esse processo, obviamente, o biomaterial não pode liberar substâncias tóxicas ao organismo. Por fim, o biomaterial precisa resistir as tensões mecânicas antes que o novo tecido se forme, como o peso sofrido por uma cartilagem no joelho, e a pressão sanguínea sofrida pelos vasos sanguíneos. No final, vamos perceber que todas essas características, biocompatibilidade, biodegradabilidade e estabilidade mecânica dependem muito do que os biomateriais são feitos. Normalmente os dividimos em 3 grupos: polímeros naturais (colágeno, ácido hialurônico,etc.), polímeros sintéticos (ácido poliláctico, poliglicólico) e as cerâmicas (hidroxiapatita e tricálcio fosfato). Cada um desses apresenta características próprias, com vantagens e desvantagens dependendo dos tecidos em que serão implantados. Os biomateriais estão a todo o vapor e os desafios para aprimorá-los estão a nossa frente. Fique atento aos próximos posts onde veremos casos concretos de biomateriais sendo aplicados com sucesso!!
Um abraço biologicamente engenheirado!!!
para saber mais:O'Brien Fergal J. Biomaterials e scaffolds for tissue engineering. v.14, n.3, p.88-95. 2011, March.

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